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segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Mosquitos mutantes contra a dengue

A revista Scientific American, dos Estados Unidos, publica na sua edição de novembro uma reportagem sobre duas pesquisas promissoras com o objetivo de erradicar o mosquito Aedes aegypti, o principal transmissor da dengue. O plano dos cientistas é colocar mosquitos geneticamente modificados na natureza para se reproduzir com os mosquitos selvagens. O resultado é o nascimento de fêmeas incapazes de procriar. As abordagens dos pesquisadores Anthony James, dos Estados Unidos, e Luke Alphey, do Reino Unido, são diferentes, e os testes já estão provocando polêmica na comunidade científica mundial. As pesquisas da empresa de Alphney, a Oxitec, estão sendo conduzidas também no Brasil, na cidade de Juazeiro, na Bahia.
O mosquito Aedes aegypti  (Foto: James Gathany/PHIL, CDC)
No mundo, 100 milhões de pessoas são infectadas com o vírus da dengue todo ano, principalmente nas regiões tropicais e subtropicais do planeta. O Brasil é um dos países que mais sofre com a doença, com mais de 100 mil casos no ano passado. O verão é a época crítica da doença, pela combinação de chuvas e altas temperaturas.
A lógica da modificação genética é simples. James e Alphney trabalhavam juntos em 2002 quando descobriram o gene que controla os músculos de voo da fêmea do Aedes aegypti. É justamente a fêmea que transmite o vírus da dengue aos humanos. Como ela não consegue voar, não pode picar. O mais importante, porém, é que ela fica incapaz de se reproduzir, o que provocou uma grande queda na população de mosquitos durante testes controlados.
Segundo a Scientific American, Luke Alphney resolveu fundar a empresa Oxitec para capitalizar com a descoberta. Em 2005, Anthony James recebeu um investimento de US$ 20 milhões para pesquisas contra a dengue. James deu uma parte desse investimento – US$ 5 milhões – para a empresa de Alphney, para que ele produzisse os mosquitos geneticamente modificados. Os primeiros testes de laboratório, conduzidos entre 2009 e 2010, deram certo.
Aí, as abordagens de James e Alphney seguiram rumos distintos. James montou um posto avançado para testes controlados em Rio Florido, no México, seguindo a cartilha da ética científica à risca, segundo a Scientific American. Alphney, por outro lado, resolveu construir acordos locais em países como Ilhas Cayman, Malásia e Brasil e já soltou os mosquitos mutantes na natureza. A pesquisa no Brasil ocorre em Juazeiro, na Bahia, e ainda não apresentou resultados publicáveis em revistas científicas. Os primeiros testes foram na Grande Cayman, maior das ilhas do país caribenho. Mais de 30 milhões de mosquitos geneticamente modificados foram soltos e o resultado foi uma queda de 80% na população do mosquito nativo.
A Scientific American ouviu a cientista Janet Cotter, do laboratório de pesquisas do Greenpeace no Reino Unido. “A liberação de mosquitos geneticamente modificados feita pela Oxitec é extremamente arriscada. Não existe 100% de esterilização, então algumas fêmeas férteis também foram soltas, e nós não sabemos as implicações disso”, afirmou Cotter à revista. Outro cientista, o biologista molecular Mark Benedict, da Universidade de Perugia, na Itália, chamou a atitude da Oxitec de “corajosa” e disse à revista que a empresa trabalha com governos locais e nacionais antes dos testes de campo.

Fonte: Revista Época

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